Como outros colegas da profissão, o sonho de ter seu próprio negócio era focado na possibilidade de ganhar mais do que um salário de advogado iniciante e ainda na ilusão de que teríamos horários livres para atividades particulares.
Nos primeiros anos de escritório, a preocupação era fechar o máximo de contratos possíveis, dar conta dos prazos, ter uma relação boa com o cliente e rachar o lucro com o sócio no fim do mês.
Mas os anos se passaram, crescemos, mudamos o foco e as especialidades jurídicas e começamos a nos preocupar em ser de fato reconhecidos pelo serviço de excelência e não apenas mais um escritório de advocacia.
Contratamos advogados, estagiários e uma equipe administrativa, os quais por sua vez buscavam o próprio crescimento individual dentro de nossa empresa.
Como qualquer gestor, queríamos que nossa equipe fosse tão dedicada ao cliente e ao serviço de qualidade como nos. Desejávamos que cada profissional entendesse a dificuldade de captar um cliente, de se manter uma empresa, de ter e manter um nome, e também de engolir alguns sapos.
Contudo, nos deparamos com uma barreira: como fazer aquele profissional entender que ele é parte de um todo e não restrito as tarefas e prazos diários delegados a ele?
O fato é que a grande maioria são jovens que querem ainda se firmar no mercado, não se importando realmente com o resultado final de sua atuação para o bem da empresa, se isso não significava um aumento salarial para si.
Surge aqui um conflito de interesses: cada individuo quer realizar seu serviço levando em conta o seu objetivo de vida e de onde quer chegar profissionalmente, já a empresa analisa cada profissional e impõe metas com o objetivo global, de resultados financeiros e crescimento corporativo e não individual.
Para acabar ou reduzir estes conflitos é que o líder se faz necessário, sendo que ele deve buscar formas de alinhar os objetivos distantes em desejos comuns.
Por experiência digo a equipe é o ativo mais valioso do escritório, é em seus advogados e funcionários que está a memória viva de seu negócio, a fonte de ideias para resolução de problemas e para criação de novos mercados, então vale a pena se dedicar a eles.
Para que pudéssemos definir as metas, inicialmente a equipe precisava conhecer de forma clara onde nossa empresa pretendia chegar em um período determinado e os gestores precisavam entender se tínhamos profissionais engajados (profissionais leais e comprometidos com a organização, que carregam consigo o orgulho de pertencer ao nosso escritório) ou não engajados (profissionais produtivos, mas não conectados com a empresa, que já deixaram de vestir a camisa), pois somente assim poderíamos realizar um planejamento útil e que de fato seria alcançado. Isso não significava concluir que todo profissional não engajado deveria ser desligado, ao contrário, cabia à nos o trabalho de buscar o interesse deste, para que pudesse se sentir pertencente à nossa cultura.
E foi quando nos deparamos com estes conflitos, eu e meu sócio voltamos o olhar para a realização de um planejamento estratégico sustentável e gostaria de dividir com vocês algumas dicas que nos ajudaram neste caminho:
Não adianta nada colocar as metas no início do ano em uma linda apresentação se no dia seguinte os sócios e gestores não agirem de acordo com as metas lançadas. Temos que dar o exemplo. Se a meta é tão importante para a sociedade, os líderes devem ser os primeiros a agir buscando alcança-las
Além das metas, os sócios e gestores devem se mostrar em conformidade com a missão, a visão e os valores do escritório, fundamental para que todos trabalhem em prol dos mesmos objetivos, gerando o engajamento.
Muito já se ouviu falar das metas Smart, mas não custa relembra-las, uma vez que esta pequena sigla é muito útil na hora de você, seus lideres e equipe decidirem o caminho a trilhar de sua empresa.
Meta Smart é uma forma de definir metas através de cinco requisitos, quais sejam: que a meta seja Especifica (S), seja possível de quantificar, mensurar (M), não seja impossível, ou seja, deve ser uma meta atingível (A) e que tenha um prazo definido para que seja realizada (T).
Além de usar estes requisitos em cada meta, não deixe de envolver a equipe nas decisões, isto pois ao abrir a possibilidade deles participarem do planejamento estratégico é uma forma saudável de engajá-los, já que eles vão ter uma facilidade maior de compreender como cada meta individual se comunica com objetivo global do escritório.
Envolva a equipe e demonstre que o cumprimento da meta trará mais significado quando os resultados são alcançados pelo time como um todo, isso diminui competições prejudiciais ao ambiente de trabalho e incentiva a busca em equipe pelas melhores soluções.
A Avaliação da equipe com feedback do gestor é uma ferramenta altamente eficaz no engajamento dos profissionais em qualquer empresa. É neste momento que as metas são revistas, acompanhadas e avaliadas. Para o profissional conversar sobre seus resultados individuais é fundamental para que ele entenda se esta agradando ou se precisa melhorar. Mas não se esqueça de que esta avaliação não é somente um momento de buscar erros e trazer criticas, mas sim também deve ser usada para parabenizar o envolvimento e as boas respostas obtidas no trabalho.
A liderença também deve sempre compemorar as metas atingidas. É importante reunir o time de vez em quando e fazer uma confraternização, café da manhã ou outra atividade interessante para celebrar a conquista.
O uso regular de um bom software é essencial para a gestão de sua empresa, não apenas da equipe, mas para acompanhamento de processos, consultas, área financeiros e administrativa. Além de tudo, os softwares são ferramentas excelentes para lhe trazer informação em tempo real, para que possa acompanhar o desenvolvimento de cada projeto e para ajustar o curso no “barco “no meio do caminho. Ainda é através destes sistemas que você poderá levantar indicadores de resultados, indicadores estes que podem lhe auxiliar inclusive numa análise de premiação de um advogado ou na precificação de seus serviços.
Afinal, o que não é medido não pode ser não pode ser gerenciado.
Portanto, para o engajamento de sua equipe, não deixe de realizar anualmente um bom planejamento estratégico, defina prioridades em cada meta e defina os prazo. Planejar é o que nos faz crescer e é impossível ter um crescimento substancial e saudável sem a participação e a dedicação dos colaboradores. Assim, engajar a equipe é, portanto, fundamental para qualquer gestor, pelo que ao implementar novas práticas, como as aqui citadas, pode ser transformador para sua cultura corporativa.